O ferro JR foi criado por volta de 1870, pelo meu bisavô Joaquim Ribeiro Telles. O acento de lavoura era na Catarroeira aqui perto de Coruche, a coudelaria era de trabalho, as éguas gradavam a terra e debulhavam cereal na eira, os cavalos eram as montadas dos maiorais e dos guardadores das propriedades. Na eguada a cor predominante na altura era o Baio e o Rato. Mais tarde, já no século XX, são os meus tios avós Francisco, António, José, Joaquim e o meu avô Manuel que tomam as rédeas da coudelaria. As éguas estavam registradas e começam a padrear garanhões do Estado que vinham acompanhados por um tratador, esses garanhões foram; o Azaral, Sevilha II, Risonho e Josaphat. Mais tarde, o Quinquilhero ferro Miura e o Berbere com ferro Veiga. Em 1934 o Dr. Rui d’Andrade escreve uma carta a um grupo de criadores, com a ideia de criar a liga dos amigos do cavalo nacional, nessa carta dizia: “ Sei que tem na sua manada éguas que considera puras de qualquer cruza, desejava saber quantas são, quais são e onde poderei ir vê-las com estes elementos constituirei o Stud-Book da raça”. Passados alguns anos, já na década de 40, aparece o meu pai com a sua grande paixão pelo toureio, a partir daí só utiliza garanhões que tivessem toureado, ou seja, os seus companheiros das arenas. O primeiro foi o Espartero com ferro Gama, este foi o primeiro cavalo que o meu pai se fez notar, depois padreou o Perdigão, com ferro Palha, que lhe tinha sido oferecido pelo meu avô António, é também este o seu cavalo de Alternativa. Por volta dos anos sessenta consegue uma égua com ferro Veiga a Golegã e outras com ferro Malta, também elas Veigas puras e larga-lhes o Garoto, cavalo também ele com ferro Veiga e consegue pôr em prática outra das suas grandes fake rolex paixões; Criar Veigas puros, dizia muitas vezes; “pela sua finura não são cavalos para todos os cavaleiros, mas são os melhores cavalos do mundo!”. Continua na senda dos Veiga e é a vez do Armilita ,Ferro Jesuíno Ferreira, o cavalo da sua vida, um filho do célebre Cravo de ferro de ferro Barahona, neto do também célebre Pincelim do Senhor João Núncio, depois o Clarim o seu Veiga que galopava pra trás, a seguir o Maravilha e o Mercúrio. Na história da Coudelaria muitos foram os cavalos que tourearam com o meu pai; a Ervilha nos seus tempos de amador, o Olho Pequeno, Espartero II e o Minuto, este o melhor de todos! Também eu e o meu irmão João toureamos no Minuto, no Chibanga e no Chinelo e o ultimo foi o Sábio, neste cavalo toureamos os quatro, o meu pai, eu e os meus irmãos João e Manuel. Depois chega o meu tempo, e já foram alguns os que me ajudaram nas arenas; Estranho, Faz-de-Conta, Harmónio, Gatuno, Jasmim, Paquirri, Adorno (para mim foi um crack, ganhou o prémio para o melhor cavalo lusitano a tourear na temporada de 1990) e que foi vendido para o México ao Ramón Serrano, e mais recentemente o Veneno, cavalo ainda no activo, na minha quadra e que também esteve na quadra do meu sobrinho João e o Sábio II toureou com o meu sobrinho Manuel. Um cavalo que também ganhou o prémio para o melhor lusitano nas arenas, foi o “Universo”, cavalo importante na carreira de Luís Rouxinol, cavalo da sua Alternativa e que lhe proporcionou grandes êxitos! Para o México também foram; o Relâmpago às ordens do “Ciclon Mexicano Carlos Arruza” e o Sorraia para o seu filho Carlitos. Para a Colômbia com o Rejoneador Dairo Chica, a Calhandra e a Limonada. Para Espanha e para os irmãos Peralta foi a Lili e para Fermin Boohorquez o Damasco. No mundo do Hipismo também se destacou o “Vagabundo”, foi vice-campeão de Obstáculos em 1988 às ordens da cavaleira Marta Castelo Branco. Também muitas éguas de ventre, têm saído cá de casa para formar outras coudelarias, tanto em Portugal como no Brasil, México e Colômbia. Morfologicamente os nossos cavalos conseguem manter o tipo que o meu pai idealizou; “Finos, com cores variadas, com a cabeça acarneirada e com caracter”!